Para mim você é uma pessoa importante porque é a pessoa com quem eu falo, mas tem muita gente usando você no lugar de qualquer pessoa, usando você no lugar de qualquer coisa. Usa você no começo, no meio e no fim da frase, isso sem que nada seja relativo a você, mas a alguém que você nem conhece.
Outro dia ouvia uma entrevista de uma conhecida repórter que comentava o lançamento de um livro interessante, mas falava tanto você que perdi o interesse pelo livro. Porque você faz isso, porque você faz aquilo, você isso e aquilo; tudo sem que eu (a pessoa com quem supostamente ela falava) nada fizesse por merecer aquela fala.
Frase em que você está, sem que seja você esteja lá.
– Quando você vai a New York, você não pode deixar de visitar a Times Square!
– Se você sai por aí transando com todo mundo, sem você usar camisinha, pode pegar aids e outras doenças que você nem conhece.
– Aí você não paga a conta do condomínio e o síndico publica na ata da reunião para que todo mundo fique sabendo que você está inadimplente.
Você é um pronome de tratamento deveras afetivo, só permitido entre pessoas íntimas, entre familiares, dentro da turma; não é para ser usado no lugar de “qualquer um”, de “toda gente”, de “alguém”, de “um sujeito indeterminado” ou de qualquer outra coisa.
Você é importante para mim, não deve ficar nas bocas de quem não conhece você.