Uma nova civilização está emergindo em nossas vidas, e por toda a parte há cegos tentando suprimi-la. Esta nova civilização traz consigo novos estilos de família, modos de trabalhar, amar e viver diferentes; uma nova economia; novos conflitos políticos; e, além de tudo isso, igualmente uma consciência alterada. Fragmentos desta civilização já existem. Outros, aterrados diante do futuro, estão empenhados numa fuga inútil para o passado e tentam restaurar o mundo moribundo que lhes deu o ser. (Alvim Toffler, A terceira onda , 1980).
Embora a terceirização venha ganhando espaços nos jornais, revistas e debates de televisão, a ideia não é nova.
Um pouco de história
No começo da civilização ocidental moderna, na formação da economia capitalista, o mundo havia experimentado algumas inovações, como o desenvolvimento da economia monetária, daí o sistema bancário; os grandes descobrimentos, já como resultado de pressões do mercado; e as reformas religiosas, já consequência da necessidade de liberdade para pensar e agir.
A matéria prima era comprada por um empresário e transferida aos trabalhadores individuais, cada um dos quis devia perfazer a respectiva tarefa em troca de um pagamento estipulado. No caso da indústria de tecelagem, a lã era distribuída em primeiro lugar para os fiandeiros e depois, sucessivamente, aos tecelões, pisoeiros e tingidores. Uma vez pronto o pano, o industrial o recolhia e vendia no mercado pelo melhor preço que pudesse conseguir. (Burns, E.M. História da Civilização Ocidental).
Aparece o mercantilismo, um sistema de intervenção governamental para promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado.
Esse rumo não deu certo, tanto o capitalismo selvagem quanto o socialista totalitário vivem agonias procura de novos rumos. Os estados europeus tentam uma unificação econômica numa comunidade europeia; os Estados Unidos da América antes poderosos e hoje fragilizados, tentam uma parceria com o Japão, antes vencido, hoje dominador; a comunidade dos estados socialistas desmorona; aqui, ensaiamos o Mercosul.
Dificuldades na empresa
Com a evolução tecnológica, o aprimoramento das máquinas, até a informática, o mundo assumiu novos mecanismos de produção, esquecendo-se das pessoas que, cada vez mais, foram tornadas “meios de produção”, promovendo a alienação e a desintegração da individualidade.
O homem, sem ser indivíduo, não produz de si, apenas obedecem, quando obedece, não entende o que faz, repete, quanto faz. não participa, vai junto, quando acompanha. Esse tipo de mão-de-obra, sem alma, que já foi interessante num certo modelo de industrialização, deixa de ser produtivo, exige muito gerenciamento, muita administração, torna-se oneroso. Os custos administrativos desde o recrutamento, a seleção, o treinamento, a supervisão, o gerenciamento e a direção do pessoal, dos desperdícios de material e mão-de-obra; a baixa produtividade e qualidade obtida alcançam valores que tornam inviável a comercialização do produto final.
Isto porque não é a todo momento que toda força de trabalho contratada por uma empresa vai estar mobilizada em ritmo de produção, embora represente, no mínimo, os custos salariais, mais encargos, sem contar que a ociosidade parcial promove a criação de situação de fachada (invenção de procedimentos para valorizar o cargo) que, além de aumentarem os custos, nada redundam em produtividade.
Uma solução
A empresa procura o lucro, é para isso que existe. Mas tal situação elevou tanto os custos que o consumidor não mais consegue suportar. Diante desses fatos, a economia de escala começa a repensar os seus procedimentos e o empresário volta aos primórdios para associar os seus interesses aos outros produtores, entregando parte de usas tarefas para terceiros.
Volta-se técnica antiga, agora com nova roupagem: dividir a produção, associar-se com terceiros. Nada se perde, tudo se transforma.
A terceirização, já há algum tempo, é uma realidade no Brasil, primordialmente em alguns setores, tomo transporte, limpeza, vigilância, processamento de dados, contabilidade, etc.
Cada vez mais, as empresas partem para a contratação de serviços esternos, como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, cobrança, assessoria de imprensa e jurídica, consultoria e auditorias. Com a terceirização, a compra de serviços especializados por tarefa o empresário vai pagar tão e somente pelo serviço contratado e executado, diminuindo o custo final do seu produto e, consequentemente, aumentando os lucros sem tanta elevação de preço.
ROSSI, P.S. Terceirização, moderno? Talvez. Informativo Paulinvest. São Paulo-SP, out 92, no. 6, p.6.