Oratória, o drama do executivo.

Profissionais executivos de grandes empresas ou profissionais liberais que oferecem os seus próprios trabalhos, sofrem, muitos deles, do medo do enfrentamento, da apresentação de si ou de seu trabalho perante o seu público.

O profissional de uma grande empresa tem que apresentar o seu projeto de trabalho perante uma comissão gestora de alto nível, todos superiores ao apresentador. A apresentação do projeto tem a finalidade de conseguir a autorização e ou a verba para a realização do programa. Há uma necessidade de venda de ideia e uma incerteza quanto aos resultados; pode ser lucrativo ou uma grande despesa improdutiva.

De um lado o autor do projeto que pode ser muito bom na sua área de conhecimento, na sua especialidade, no outro lado os donos do poder decisório. Entre os dois grupos a necessidade de uma comunicação eficiente. O conteúdo pode ser bom, mas a mensagem pode ser ruim. O valor da mensagem não esta na qualidade da informação produzida pelo emissor, o executivo do projeto, mas no valor atribuído pelo ouvinte, a qualidade da mensagem processada em cada participante do grupo avaliador do projeto. O valor da mensagem não está na forma que sai do apresentador, mas no impacto que causa no entendimento do executivo que vai dar o seu parecer.

Aprovado o projeto, implantado o programa, há necessidade de relatórios periódicos no acompanhamento dos resultados. Sempre haverá uma comparação entre o prometido e o realizado. O grupo que avalia o desenvolvimento do programa estabelecido, experimental ou não, tem que receber as informações que participarão da formação de conceito sobre a eficiência ou não do programa em andamento. Entre a realidade operacional e o entendimento executivo dos dirigentes, há uma necessidade de comunicação eficiente.

Comunicar não é ofício para qualquer um, mesmo para um especialista em realização em sua área, mesmo que o programa esteja sendo um sucesso, o relatório pode complicar tudo. Geralmente há muita falação, muitas reuniões improdutivas, mas comunicação efetiva, poucas.

A apresentação do projeto, tal como a apresentação do relatório de andamento ou relatório final, são funções que não podem ser relegadas a segundo plano. Um engenheiro eficiente não conseguirá vender o seu projeto por falta de eficiência na fala sobre o seu projeto; por falta de uma comunicação eficiente.

No meu mestrado pesquisei a eficiência da comunicação médico-paciente na adesão ao tratamento. Quando se pergunta o que falhou na adesão ao tratamento, existem muitas possibilidades, desculpas de todo lado. Quando se pergunta o que funcionou na adesão ao tratamento, só tem uma resposta: a comunicação médico-paciente. A pesquisa mostrou que é mais importante o jeito que o médico fala do que todo o seu conhecimento técnico do profissional. O que importa é a opção do cliente em fazer corretamente o tratamento e isso independe do que está escrito na literatura médica. Não é o que o médico sabe sobre a doença que vai resolver o tratamento do paciente, mas o que o paciente entender a partir da conversa do médico. Apenas para ilustrar quem não é do ramo da saúde: metade dos pacientes de doenças crônicas , não seguem as orientações médicas (pesquisa mundial). Vale dizer que metade do serviço médico é desperdiçado por falta de uma melhor comunicação, melhor convencimento.

Da mesma forma em outras atividades, não é o conhecimento sobre o produto que o fornecedor tem que vai fazer a venda, mas a expectativa do que o produto possa fazer para a pessoa que decide a compra.

Entre o conhecimento específico, seja na medicina, seja na engenharia, ou em outra atividade qualquer, e a decisão de compra ou aceitação do consumidor, há um processo comunicativo que precisa ser desenvolvido. Enquanto a formação específica pode ser feita em cinco ou seis anos, o desenvolvimento em comunicação é um processo que pode durar a vida toda. O mercado muda, as pessoas mudam, os tempos são outros, a atualização e sempre necessária.

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