Meus pais nunca foram à escola. Sabiam escrever seus nomes e algumas poucas coisas a mais. Meu pai era pedreiro, usava cálculos e medidas; minha mãe era costureira, seguia moldes de roupas e reconhecia algumas embalagens de comidas.
Fiz 7 anos no dia 15 de abril de 1956; meu pai não foi trabalhar. Entendia que tinha a obrigação de me matricular na escola, pois era o dia em que eu completava sete anos. A caminho da escola, passou no armazém do local, perguntou ao caixeiro o que se levava para a escola. Ele prontamente separou um caderno, um lápis preto e uma borracha branca.
Um caderno de brochura, tinha na capa o Pico do Jaraguá e no verso o Hino Nacional, isso dito pelo caixeiro.
Meu pai me encarregou de levar nas mãos o caderno e a borracha, enquanto ele ia apontando o lápis preto com seu canivete de picar fumo. Era um lápis diferente daquele vermelho e chato que meu pai usava nas marcações no seu trabalho, o lápis de carpinteiro.
Subimos a escadaria da escola, fomos parados na recepção e a diretora foi chamada. Ali estava meu pai com o chapéu na mão, mostrando toda careca lisa e brilhante e eu armado com um caderno, um lápis e uma borracha. Tudo mais era desconhecido.
Meu pai foi desdenhado, humilhado, ofendido. Sua ignorância sobre os procedimentos da escola foi escancarada; “ele deveria saber que a matrícula é no início do ano”. Nem nos bares da vila, onde ele ficava bêbado, tinha visto meu pai tão maltratado, ressaltada sua ignorância. Acabou que meu pai saiu e eu fiquei. Fui colocado no fim da turma D, meu pai nunca mais entrou naquela escola.
A turma D
Aos poucos fui conhecendo a turma que lá estava: Duas irmãs chegadas do Rio Grande do Norte, Rita com 12 anos e Francisca com 11 anos, nunca tinham ido à escola na sua terra. Um deficiente mental, Antônio, que babava e tinha um braço encolhido. Jerônimo era todo diferente, tinha sapato, calça comprida, bolsa, estojo de lápis de cor, tinha até guarda-chuva; sua mãe vinha trazer e buscar todos os dias; nunca entendi o porquê ele estava naquela turma. Também não entendi o porquê de só ele ser beneficiário da caixa escolar que era para os pobres. O restante da classe era normal, tinha as turmas A, B e C. O professor, Seu José, dava aula para a classe dos normais. No fim do ano, fui comunicado que deveria repetir de ano, começar tudo de novo, agora da maneira certa. Meu pai não disse nada.
O primeiro ano, repetente.
Dona Nice era a professora doce e bonita. Tudo me pareceu normal, como deveria ser, tudo era fácil de aprender, eu tirava boas notas. Mensalmente o boletim era enviado para a casa tendo que devolvê-lo assinado pelo pai ou pela mãe. Aprendi escrever o nome do meu pai e era assim que o boletim era assinado. Meu pai nunca quis saber. Houve um mês que insisti que ele deveria assinar o boletim; a diretora percebeu a letra diferente e achou que era falsa; mandou pegar a assinatura da mãe. Escrevi o nome da mãe e ficou por isso mesmo. No fim do ano, passei com nota 100, ficando em primeiro lugar junto com o filho do dono da olaria. Como troféu recebi um livro o “Pinóquio na Escola”. Meu pai não disse nada.
O segundo ano.
Não lembro o nome da professora. Era ruiva e gritava o tempo todo. Foi meu contato com a pena de escrever com tinta de tinteiro. Na semana da pátria fui designado para representar a classe com um pequeno poema sobre a independência. No fim tinha um grito: Independência ou Morte! Dei o grito e fiquei famoso na escola como recitador de poema. Para a Proclamação da República a professora aparece com um poema de duas páginas. Não decorei, não fui à comemoração, minha fama de artista ficou abalada. No fim do ano, fiquei no segundo lugar, o primeiro continuava o filho do dono do olaria. Meu pai não disse nada.
Terceiro ano
Não lembro da professora, mas era melhor que a anterior. Foi um pouco mais difícil e acabei ficando em terceiro lugar. Havia o Francisco Procópio, o mais velho da classe, uns 12 anos (irmão daquelas do primeiro ano) que ficou em segundo lugar, pois o primeiro continuava do filho do dono do olaria.
Até hoje não tenho diploma do primário, pois não fiz o quarto ano.
O seminário
Havia no bairro uma família que tinha um filho no seminário em Piracicaba, colégio de padres. Minha mãe ouviu dizer que tinha de tudo e me perguntou se eu queria ir. Para aquela conversa trouxe a irmã do seminarista que contou todas as vantagens. Tinha campo de bola e até piscina na casa de férias. Não titubeei, aceitei na hora e ali mesmo ela (a tal irmã) escreveu a carta para o seminário. Vieram as cartas de aceitação com um rol de roupas a serem levadas. Havia um terninho de brim, tipo carteiro da época, que não tinha onde comprar, foi necessário fazer no alfaiate. Felício, o alfaiate, conhecia Piracicaba e contava coisas de lá enquanto costurava meu uniforme.
Em janeiro de 1960, havia um trem da Cia. Ituana, ainda maria-fumaça, de Jundiaí a Piracicaba e lá fomos nós, eu e meu pai. Minha surpresa ao chegar no seminário, foi saber que ninguém mais usava aquela moda do terno de brim de carteiro.
Admissão ao ginásio
Naquele tempo, em muitos lugares, só havia escola rural, que ia até o terceiro ano, o quarto ano deveria ser feito num “grupo escolar” de cidade onde se conseguia o diploma primário. Não era o meu caso, pois já estudava num grupo escolar, mas isso me permitiu partir para o exame de admissão ao ginásio, que na prática foi meu quarto ano. Éramos 49 alunos na classe, só repetiu um. Coincidentemente, o Longarez o único que se formou padre. A última notícia que tive dele estava no Acre.
A professora era uma freira suave, mas firme. Morava na Congregação da Santa Casa no outro lado da rua. Para mim tudo era novo. Muita gente, de todos os lados, de todas as idades, de dez a vinte anos (coincidentemente dois irmãos, o Roque e o Bolinha), Mais de cem alunos divididos por tamanho (pequenos, médios, grandes), além das divisões por séries, admissão e ginásio (do primeiro ao quarto). Havia muita desistência, cada série que passava diminuía o número de alunos. Na admissão éramos 49, no quarto ano restavam 15.
Nas classes e as carteiras eram fixas, aquelas de levantar a tampa e guardar os livros, cadernos e lápis. De manhã, eram duas horas de estudos (em silêncio na classe) e duas horas de aula. À tarde, repetia a dose. Vez ou outra tinha que estudar à noite, depois do jantar.
No café da manhã eram dois pãezinhos e uma caneca grande de café com leite. No almoço, feijão arroz e carne (com batata, ou mandioca, ou abóbora, ou chuchu, o que tivesse no estoque). No café da tarde, um pãozinho com suco, ou café com leite. No jantar o mesmo que o almoço. Enquanto todos comiam em silêncio sempre tinha um aluno do quarto ano lendo alguma história sagrada. Aos domingos, tinha macarrão com frango. Como o seminário vivia de doações, havia época de mandioca, de abóbora, ou de lá o que fosse, pois chegava um caminhão e tinha que ser consumido. Uma vez chegou um caminhão de aveia; era aquela cola no café, no almoço e na janta.
Cada mesa tinha cinco lugares fixos, por ordem de altura. Se alguém aparecesse com algum doce, bolacha, bolo, manteiga, tinha que repartir para todos da mesa. Henrique, de Taubaté, sempre aparecia com caramelos de leite, da fábrica que seu pai trabalhava, não eram as balas enroladas no papel, eram pedaços grandes e mal cortados (separados da linha de montagem).
Mas nem tudo era uma maravilha, criança é gente ruim, mesmo num colégio religioso. Hoje se chama Bulling, naquela época era zoação. Eu era estrábico e logo começaram os apelidos: Caolho, Galo Cego, Zarolho, além de alguns improvisos. Certo dia perdi a paciência e resolvi sair de lá. No dormitório, peguei tudo que era meu, coloquei na cama e fiz uma trouxa de lavadeira. Pretendia sair pelos fundos e seguir a linha do trem, de volta para casa. Fui contido e confinado na bolaria, um quartinho onde o Quinelatto consertava as bolas de capotão. Passado a raiva, convencido a ficar, além dos apelidos antigos, se acrescentou mais um: Lençol.
Na segunda-feira do carnaval de 1962, fazia o segundo ano ginasial, minha turma foi designada para cortar a grama do campo de futebol. Era um trabalho, mas a gente sempre levava na boa, sempre fazendo brincadeiras. Mas eis que dei pela falta do Bolinha. Perguntei se alguém sabia dele, fui informado que havia saído para a cidade para fazer compras. Mais tarde, quando encontrei o Bolinha, perguntei o que fora comprar. Bolacha, disse ele. Aí meus nervos queriam explodir, pois meu pai havia deixado um dinheiro para eu comprar um par de sapatos; tinha pedido para o frei Agostinho para ir comprar e ele disse que eu precisava era de couro na bunda porque estava com preguiça de ir trabalhar com a turma. Aí explodi com o Bolinha: Você é mesmo um peixinho, pode sair para comprar bolacha e eu não posso sair para comprar sapato.
Minha revolta chegou aos ouvidos do reitor, Frei Guilherme, que me chamou para uma conversa. No domingo de pascoa quando meu pai foi fazer uma visita, eu voltei junto com ele.
Chegando em Jundiaí, depois do carnaval, não tinha como fazer matrícula em escola pública e tive que pagar uma escola particular. Com as despesas de mensalidade, material e uniforme, faltava dinheiro todos os meses; foi quando aprendi vender serviços. Fazia dever de casa dos colegas por uma quantia irrisória, um me trazia bolos, outro pagava refrigerante, outro pagava a entrada na matinê de cinema do domingo. Quando apareceu a necessidade de ler livros e fazer resumos, fiz o acordo: Vocês compram o livro, eu faço o resumo e fico com o livro. Lembro ainda que o primeiro de minha biblioteca foi Ubirajara de José de Alencar. Passei a fazer resumos para outros grupos também.
Essa atividade extraclasse foi útil até nos tempos de faculdade; e lucrativa. Já cheguei cobrar num trabalho para universidade (feito num fim de semana), o que eu ganhava por mês. Tal prática, mais tarde, me levou a ser professor de metodologia de pesquisa.
O terceiro e quarto ano do ginásio foram na escola pública.
No primeiro colegial, na escola pública (1966), resolvi, com mais três colegas, fazer um jornalzinho: ODE Órgão Democrático Estudantil. Todo orgulhoso fui levar o primeiro número para a diretora. Ela leu e disse que aquilo não poderia entrar na escola. Insisti que se o jornal não pudesse entrar eu também não entraria; ele simplesmente respondeu: problema seu! Saí até o portão e vendi os cinquenta exemplares para recuperar meus custos com papel e stencil. Mudei para Santo André com um tio que morava lá. No dia seguinte já estava empregado, mas fiquei sem estudar o resto do ano.
Não participei da formatura do ginásio, porque não tinha terno azul marinho.
No ano seguinte (1967), cursei o primeiro colegial noturno na escola pública. Era muita moleza, pouco ensino, nada para aprender. Veja: Independência crítica
Em 1968, consegui um emprego no Banco da Bahia, fazendo um horário especial das 12 às 20h. Fui estudar de manhã, pois diziam que de manhã era mais forte, porque à noite as pessoas estavam muito cansadas para o aprendizado. Aguentei três meses, que era o período de experiência no banco, mas as aulas eram tão ruins quanto as da noite e o pessoal muito mais infantil. Fiquei sem estudar o resto do ano.
Em 1969, fiz minha matrícula num colégio particular, onde eu pensava que poderia reclamar meus direitos. Ledo engano. Numa noite de abril, sem professor designado, a classe começou fazer algazarra. O diretor subiu para dar bronca e disse que quem não estivesse contente que saísse. Peguei meu guarda-chuva e minha mochila, fui saindo. O diretor quis interpelar, disse que estava aceitando o convite dele, descontente e saindo. Ele desceu comigo até a sala dele e quis fazer um terrorismo: só darei a sua transferência se pagar o ano todo, pois o contrato era anual. Eu disse que quem rompeu o contrato fora ele, pois não estava dando as aulas prometidas. Num gesto muito desprezível disse que eu nunca mais iria poder estudar (e ele era o Secretário da Educação do Município). Mais indelicado fui eu que mandei ele pegar todos os tais papeis e enfiar …
Saí dali, transtornado e a primeira placa que vi na minha frente foi: Vestibular, novas turmas em maio. Entrei para colher informações. Fiquei sabendo que poderia fazer o cursinho, prestar exame de Madureza e entrar na Faculdade. Em junho fiz Madureza de cinco matérias, eliminei quatro. Em dezembro eliminei mais duas, consegui o certificado, em janeiro entrei na faculdade de pedagogia, em primeiro lugar da turma do cursinho.
Não tive formatura de colegial.
Fui convidado (1970) pelo cursinho para ser o secretário geral (já eram 18 classes). No ano (1971) seguinte comecei dar aulas na Madureza e no Cursinho.
Aquele colégio particular que reteve minha documentação, anunciou uma vaga para professor de história. Fui lá, dei uma aula, fui aceito. Na hora da contratação, com o digníssimo diretor, desdenhei do valor que ele pagava por aula, pois ganhava três vezes aquilo dando aulas no cursinho; emendei: é por isso que não consegue bons professores. Ele não lembrava de mim, mas fiz questão de lembrá-lo do nosso último encontro. Fiquei de alma lavada.
Terminei (1971) o segundo ano da Pedagogia, só faltava mais um. Não estava contente com o nível de ensino e da validade daquele curso para minha atividade como professor. Resolvi fazer outro vestibular e entrar na USP.
Comecei na Faculdade de Educação da USP (1972), considerando que havia perdido dois anos em Santo André. Era uma viagem de duas horas para ir e outras duas para voltar. Assim havia muitos outros estudantes de Santo André. Arrumei um sócio, comprei uma Kombi, zero quilómetro para pagar em 24 parcelas. A Kombi fazia duas viagens por dia, de manhã e à tarde.
Em julho daquele ano, percebi que não teria a renda dos estudantes no mês, para pagar a parcela. Corri atrás de alguma coisa que pudesse cobrir tal obrigação. Atendi um anúncio tipo não precisa prática nem habilidade, qualquer um serve. Era para vender cursos de inglês. Na primeira semana foi treinamento, não vendi nada, na segunda, alguma coisa da terceira e na quarta semana consegui o suficiente para pagar duas prestações.
Passei a vender de manhã quando não dava aula, ir à universidade à tarde, dar aulas à noite.
Em setembro, numa aula de filosofia (das 14 às 18), cochilei e o professor fez o maior sermão acadêmico, ao que respondi:
– Eu dou aula, às 8 da manhã, e ninguém dorme, dou aulas até 10 da noite, e ninguém dorme, porque eu sei dar aula.
Ele replicou:
– Pois saiba que dou aulas na USP a mais de 20 anos.
Emendei:
– E não aprendeu ainda!
Fui denunciado na secretaria da escola. Estava em vigor o Decreto-Lei nº 477, que proibia manifestações de caráter político e atividades consideradas subversivas nas universidades. Eu quis apelar para o professor de método e a professora de didática, pois eram um absurdo o professor de filosofia ditar matéria. O secretário simplesmente perguntou se eu queria sumir ou enfrentar um inquérito.
Optei por “sumir”. Saí do cursinho que já era visado, pois um de seus sócios fora o “Mario Japonês” um dos terroristas trocados pelo embaixador.
Parti para vendas, fui vendedor, supervisor e gerente. Em 1974 resolvi fazer “Administração de Empresas” afinal já era gerente. Fechei nota em todas as matérias e fui reprovado por falta.
Somente em 1983, tendo assumido uma gerência em Maceió, quando não precisava mais viajar, resolvi voltar para universidade. Fiz um mês de cursinho para reativar as ideias dos testes de vestibular. Comecei a me preocupar com o nível da escola quando o diretor do cursinho foi na minha casa para comemorarmos que eu havia entrada em primeiro lugar. Claro está que não me sujeitei a tal festança.
No final do primeiro mês de aula, entrou um senhor na sala e começa bravejar que quem não pagasse até no dia seguinte não poderia continuar assistindo as aulas. Perguntei quem era ele. Era o diretor.
– Ótimo, disse eu então, o senhor pode dizer quando vamos começar o curso? Um dia não tem aula, outro não tem professor, noutro dia muda o professor… tenho tudo anotado, hora por hora que estive aqui.
Era verdade, tinha comprado um caderno de cem páginas e escrevia minhas impressões o tempo todo.
Outra vez fui convidado pelo diretor para acompanhá-lo até sua sala. Mal entramos, foi dizendo que escolhesse qualquer outro curso daquela faculdade, pois não me queria mais na pedagogia. Disse que a faculdade tinha excelentes outros cursos.
Eu, de chofre, disparei:
– Tem nada. O fato de eu estar aqui administrando uma empresa local já denuncia não haver material humano preparado para tal função. Também já coloquei anúncios para outras vagas e não encontro pessoas preparadas.
Levantei-me e saí.
Só em junho de 1989, trabalhando na Av. Paulista, atravessei a rua e perguntei no Objetivo onde teria uma faculdade de psicologia com vestibular para o segundo semestre. Fui informado sobre a São Marcos. Prestei “vestibular” e fiz minha matrícula.
Ressabiado de outras quatro tentativas de formação acadêmica, prometi a mim mesmo, que a exemplo do consórcio de 60 meses, não daria nenhum lance antecipado, não criaria confusão. Iria ser contemplado com o diploma em 60 meses. Foi muito esforço para aguentar tanta mesquinharia, mas sai diplomado em 1994.
Não tive formatura da faculdade porque quando fui buscar a beca, houve desavenças com minha mulher, por ciúmes das colegas.
Continue vivendo de treinamento de vendas, não tinha coragem de ser psicólogo com aquela formação. Fui fazer uma especialização em didática para continuar com minhas aulas de treinamento. De repente apareceu um concurso estadual, com vagas para psicólogo, fiz a inscrição no último dia, não estudei nenhum dos 24 livros relacionados para o exame. Três meses depois fui convocado para assumir psicologia hospitalar no Hospital de Juquery. Nunca tivera aula de psicologia hospitalar, aí começaram meus estudos na fase da maturidade, alguns cursos, três especializações, depois mestrado, terminando com o doutorado em 2012, já com 63 anos.
Minha primeira festa de formatura, aconteceu em 2012, quando fui homenageado por uma turma da faculdade em que dava aulas de Metodologia da Pesquisa.