Muitas pessoas que encontrei pela vida, foram modelos de conduta, fonte de aprendizagem, mas tanho que destacar o primeiro deles.
Eu tinha doze anos e fui trabalhar na venda do Mentre (pai do Duvilio e do Dema), na verdade eram só os dois irmãos que tocavam o velho armazém.
Naquele tempo não havia “conselho tutelar”, a gente trabalhava de graça, para aprender a trabalhar. No fim da tarde era permitido fazer um lanche como tudo que quisesse. Depois ficava um pouco mais para assistir televisão na casa do Dema. Foi o tempo do Zorro, Rim-tin-tin, Lassie, Roy Rogers, etc.
Durante o dia servia o balcão da venda e do bar. Foi ali, servindo pinga, que conheci Maranhão.
Maranhão tinha a leveza de um mestre-sala.
Não sei onde trabalhava, talvez na ferrovia, mas tocava trombone na banda da cidade.
O certo é que toda tarde ele aparecia para tomar um rabo de galo. Com aquela voz grave e gentil, dizia:
– O senhor poderia me preparar um rabo-de-galo?
Ninguém me tratava com tanto respeito, ele me chamava de senhor, e eu tinha doze anos.
Eu ficava muito lisonjeado e servia o rabo-de-galo, meio a meio, como ele pedia, meio vermute meio cachaça.