Industria ou turismo?

Estranhamos quando tanta gente da região fica digladiando entre as prioridades de desenvolvimento voltado para a “indústria ou para o turismo”. Esquece que o turismo é a segunda indústria do mundo, perdendo somente para a indústria da alimentação.

Não há conflito de interesses entre esses dois negócios, podem até se complementarem. Exceto quando a indústria é poluidora e prejudicial ao eco sistema que propicia o desenvolvimento do turismo.

Uma verdade, porém, tem que ser dita, a indústria exige muito mais investimentos para geração de empregos do que a atividade de turismo.

Não se trata aqui de dizer o que seja melhor ou pior para a região, mas apenas de lembrar que o potencial para o turismo é muito grande e pouco explorado.

Assim como conhecemos projetos fracassados na área de turismo, há muitos casos de investimentos perdidos na área industrial.  Da mesma forma, algumas regiões promoveram o desenvolvimento a partir da exploração do turismo receptivo e outras optaram pelo desenvolvimento industrial.

Não estamos batalhando em causa própria, vez que nosso negócio é educação e saúde, e não exploração do turismo. Mas em nossa atividade, na área médica, convivemos com congressos pro todo país e sabemos quanto isso representa para as cidades que oferecem bom atendimento ao turista.

A atividade de turismo é muito mais participativa, envolve um número muito maior de pessoas, mesmo que informalmente.

Há quem defenda a indústria pela facilidade que se tem de controlar e receber os impostos devidos ao erário público, vez que a diluição em pequenos negócios pode escapar eficiência da máquina administrativa. Também pode ser verdade, mas há de se considerar a melhoria geral do estado de vida da comunidade quanto pode atuar por si só, mesmo que não pague impostos enquanto atividade informal. Há de se lembrar também que a instalação de indústrias incentivadas vai demorar algum tempo para propiciar retornos do investimento.

A atividade informal, essa economia invisível, desenvolvida pelo incremento do turismo receptivo, pode não trazer de imediato uma grande receita em impostos diretos, mas pode ser percebida no aumento do consumo no comércio já instalado além de ocupar muitos que dentro das estatísticas estão desempregados pela indústria que foi embora.

Nossa opção, até emotiva, pelo desenvolvimento do turismo, deriva da enorme dificuldade em se conseguir instalações de indústrias que possam melhorar significativamente a vida da comunidade.

É sobejamente conhecida a briga suicida empreendida pelos estados e municípios, através da guerra fiscal, pela disputa para sediar empresas de porte, enquanto cidades industrializadas como as do ABC Paulista passam a ocupar os metalúrgicos, mão-de-obra altamente especializada, nas atividades de comércio por simples falta de outras opções.

A decisão sobre a industrialização passa por caros estudos de viabilidade técnica, e altos contatos políticos. O desenvolvimento do turismo exige bem menos e pode trazer retornos já no próximo fim de semana.

Obviamente não se pode exigir o mesmo resultado, em quantidade e qualidade, quando os investimentos são tão diferentes. Embora o retorno no turismo possa ser rápido e a baixos investimentos, não quer dizer que se possa colher o que não se plantou.

Embora pequeno, os investimentos dever ser feitos, e como em qualquer negócio, com profissionalismo.

Rossi, P.S. Turismo ou indústria. Folha da Mantiqueira, Piracaia-SP, 03 out 1997, p.2

 

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