Grupos ou grupelhos

Gregário é o termo que se usa para caracterizar a tendência de se viver junto com os outros, sejam animais ou vegetais que se desenvolvem em grupos. Existem espécimes, sejam animais ou vegetais que não conseguem sobreviver fora do ambiente formado por muitos de sua espécie. A civilização ocidental começou dar formas a esse tipo de procedimento quando da formação das cidades gregas (polis). Do prefixo grego poli, que significa muitos.

Entre os animais gregários, os que procuram viver em bandos, muitos assim agem por instinto de defesa e de sobrevivência, vez que alguns cuidam de vigiar enquanto outros se alimentam ou repousam, outros no entanto, também para sobrevivência, se unem para caçar, pois individualmente são incompetentes.

Entre os homens, no sentido da civilização moderna, há os que se unem para deleite da satisfação de viver em harmonia, para juntar esforços na construção do bem e do bom, para construir obras maiores que a individualidade possa realizar. Da mesma forma, há os que se unem em massas fedorentas, somente para destruir, para perturbar, visto que, individualmente, nem na ruindade são competentes.

São bandos os jovens racistas, via de regra individualmente impotentes, que se unem para atacar grupos minoritários. Nitidamente procuram atacar os grupos mais fracos, como se isso elevasse qualquer centíl sua virilidade. São bandos os baderneiros que adentram ambientes de festas, só para perturbar, circulam pelas ruas mexendo com pessoas indefesas, procurando pessoas solitárias, casais, ou grupos menores para impingir sofrimento. Bandos São formados por pessoas com fraca autoestima, personalidade perturbada com complexos de inferioridade, buscando realização através dos outros e com os outros. Geralmente rebeldes, inconformados com a própria família e com o ambiente social em que vivem, e até com a própria existência, não encontrado satisfação pessoal, buscam incomodar os outros.

Esse fenômeno nitidamente urbano, tal como Nova York, Londres, Rio de Janeiro e São Paulo, começa a se alastrar como praga em cidades do interior tal como Ribeirão Preto, Campinas e até cidades bem menores.

Esse procedimento símio, pois nada mais é do que macaquice de quem não tem o que fazer, denota a doença social pela somatória de desequilíbrio mental de cada participante. Um jovem de boa família, boa educação, quando em grupo bota para fora todos os seus diabos interiores, função do ambiente propício para qualquer anomalia. Enquanto doença deve ser tratada, extirpada, enquanto desequilíbrio precisa de esforços de educação para vida em sociedade.

Quanto menor a cidade mais ridícula é a situação. Enquanto nas cidades grandes os participantes são individualmente desconhecidos e de difícil localização, nas cidades pequenas são elementos de famílias conhecidas e, normalmente, participantes do poder econômico ou político. Enquanto nas cidades grandes a repressão é difícil, nas cidades pequenas grassa a impunidade pela corrupção do poder mesquinho que procura esconder a sujeira sob o tapete do protecionismo.

Um sentido para a vida

A educação dos jovens, seja por deficiência da família ou da escola, falha quando não consegue oferecer um horizonte para esses jovens que somente percebem o lado ruim de viver em sociedade.

A sociedade como um todo está longe de ser perfeita e adequada para os anseios de todos os jovens, sejam pobres ou ricos, mas nem tanto a ponto de procurar piorar a vida dos outros também.

Bom seria se os bandos de baderneiros se tornassem grupos de trabalhos para os mais necessitados.

 

ROSSI, P.S. Folha da Mantiqueira. Piracaía-SP, 08 nov 97, p.2

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