Muita gente procura fazer exercícios físicos para a melhoria da saúde e acaba por complicar situações sem conseguir melhores resultados, porque força uma parte isolada sem considerar o todo. O corpo é um todo (holístico) onde cada parte está intimamente inteirada com todas as outras. Além dos esforços físicos, inadequados por si só, existe o problema da inadequação dos pensamentos em relação aos movimentos do corpo. Ossos e músculos não se movimentam sem o comando mental.
Ao realizar um exercício físico a mente deve estar em sintonia com a harmonia do corpo. A simples caminhada matinal pelas ruas do bairro pode ser prejudicada nos seus efeitos terapêuticos se os pensamentos estiverem dirigidos para os problemas do dia a dia, ao invés de estarem harmonizados com os passos e a respiração. Se durante os exercícios não puder desligar o pensamento daquela conta que tem para pagar, é melhor largar os exercícios e buscar uma atividade para ganhar dinheiro suficiente e necessário para resolver o problema.
Para o cidadão comum, o melhor exercício físico é a caminhada dentro dos limites da satisfação do próprio corpo, sem forçar além das próprias possibilidades. Com o tempo as marcas pessoais podem ficar mais abrangentes, mas o grande mal que se faz ao corpo é querer começar de estágios superiores às próprias possibilidades, tanto físicas quanto mentais.
Numa região como está, aos pés da Mantiqueira, de ar puro e belas paisagens, o mais recomendável é o exercício junto natureza, as caminhadas ecologicamente corretas. Ecológico quer dizer – de acordo com a natureza. Andar pelas trilhas, respirando os odores da vegetação, não combina com maus pensamentos.
A melhor receita de saúde está na integração do corpo e da mente com a natureza. Durante os exercícios físicos, seja uma simples caminhada, os pensamentos devem estar sintonizados com os passos, com a respiração, com o prazer do próprio corpo. É um crime contra si próprio submeter o corpo a maltrato, esforços excessivos, enquanto a mente continua ligada na conta bancária, ou a falta dela.
Os jovens da região, bombardeados pela mídia da televisão que mostra sempre o que há de melhor e mais espetacular no mundo esportivo, esquece das possibilidades que a natureza local pode oferecer e poucos aproveitam. Caminhadas por trilhas em montanhas, seja a pé, a cavalo ou de bicicleta; acampamentos selvagens com todos os desafios e prazeres que podem oferecer.
Esportes náuticos de toda natureza, desde a simples natação até as modalidades que exigem maiores e mais caros equipamentos, caiaques, windsurf, remo, canoagem, etc.
Cavalgadas, hipismo, enduro equestre, podem fazer uso desde animais de grande porte e linhagem, até o simples e simpático pangaré.
Bicicletas, desde a simplória “magrela” até as mais desenvolvidas “montain byke“, podem proporcionar prazeres suficientes em cada nível de posse.
Como toda atividade que envolve o espírito jovem, o perigo está na tentativa de superação dos próprios limites. É natural e saudável, nos jovens, o desafio de si e da natureza para tentar estabelecer marcas, novos limites. Uma atividade junto à natureza pode trazer grandes satisfações, mesmo sem os riscos dos grandes desafios e da irresponsabilidade. Uma simples caminhada pelas matas e montanhas pode proporcionar tanto um grande prazer de realização pessoal ou coletiva quanto criar situações de extremos perigos e dor de cabeça para a família e acabar por provocar acidente.
Rossi, P.S. Esporte para a saúde. Folha da Mantiqueira , Piracaia, 14 set 1997, p.6