Dois conselhos do Bertrand Russel

  1. Conselho Intelectual: “Quando você está estudando um assunto, ou considerando alguma filosofia, pergunte a si mesmo somente: Quais são os fatos? E qual a verdade que os fatos revelam? Nunca se deixe divergir pelo que você gostaria de acreditar, ou pelo que você acha que traria benefícios às crenças sociais se fosse acreditado. Olhe apenas e somente para quais são os fatos.” (Fato=acontecimento, não é o terno, nem a barrigada, rebanho de cabra)

Pois bem, eu tentei. Tentei mostrar para vocês a necessidade de olhar para os fatos, para as verdades que os fatos revelam. Tentei dizer para vocês procurarem fatos, ações, realizações, práticas. Tem muito texto por ai só de opiniões e até de algumas teorias. São mais palavras do que fatos, mais opiniões que realizações. Eu posso aceitar as opiniões diversas, simplesmente pelo respeito de que o outro pode dizer o que quiser, mas eu só aprendo com os resultados práticos, com as realizações. Quando se analisa a prática, a gente aprende com o que deu certo e até se aprende com os erros registrados nos processos das práticas.

Uma oportunidade de aprender com os outros, com as experiências dos outros. Eu não concordo com a teoria marxista expressa nos textos da Fiocruz, mas respeito os autores que se esforçam para mostrar resultados. Eu não concordo com a filosofia de Maquiavel, mas ele mostra resultados práticos. Se alguma coisa está dando certo, ou está dando errado, é hora de analisar os fatos. Ver as verdades dos fatos.

Em resumo, o nosso curso pretendeu que vocês conseguissem visualizar e destacar um fato que é um problema dentro do seu mundo de preocupações, ou de ocupações. Problema é uma situação para ser estudada. O problema não é ruim, nem bom, é apenas um fato que merece ser estudado.

De problema podem sugerir mil dúvidas, mas eu sempre disse para vocês elaborarem somente uma pergunta; somente uma pergunta sobre o problema. As outras perguntas todas sobre o mesmo problema podem merecer o resto de suas vidas. Era a hora de se contentar com uma só pergunta. Para todos vocês a pergunta era uma só: O que alguém já escreveu sobre as práticas em torno desse problema? O objetivo das pesquisas de todos vocês era “Levantar os fatos, os relatos dos fatos sobre o problema”.

Outra coisa que aprendi com Bertrand Russel foi delimitar o texto em três pontos, pois isso que sempre recomendei delimitar o objetivo em três objetivos específicos. A falta de especificidade nos objetivos é que provocam a perda de rumo durante a pesquisa. Falando de objetivos: Ninguém pediu soluções extraordinárias, nenhuma solução mágica; aliás, solução nenhuma, apenas o aprendizado da busca de fatos relatados de experiências. A busca de fatos.

O meu enfoque não foi de conteúdo, mas de metodologia. Método é a forma como se faz um caminho. Hoje, quando você parte para uma viagem, não precisa abrir caminhos por relevos desconhecidos, pois já existem mapas; além disso, existe agora o aparelho de GPS. Isso só é possível porque alguém já fez o caminho e deixou escrito o relato do que viu. Pesquisar também é isso; primeiro se trafega pelos caminhos já existentes e depois é que se parte para construção de novos caminhos ou de novas construções nas beiradas do caminho já existente.  Espero que utilizem o caminho que lhes mostrei. Boa viagem a todos.

  1. Conselho Moral: “O amor é sábio, o ódio é tolo. Nesse mundo que está ficando mais interconectado, temos que aprender a tolerar uns aos outros, tenho que aprender a aceitar o fato de que algumas pessoas dizem coisas que não gostamos. Nós só podemos viver juntos dessa forma. E nós vivermos juntos e não morrermos juntos. Precisamos aprender a bondade da caridade e da tolerância. O que é absolutamente vital para a continuação da vida humana nesse planeta.” (Trecho De Entrevista Concedida À BBC Em 1959)
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