Cultura e política

educação para a vida

A escritora francesa Viviane Forrester, 72 anos,  autora de romances e crítica literária do jornal “Le Monde”, tornou-se um fenômeno de vendas com o lançamento do livro “O horror econômico”, uma crítica política neoliberalista que no mundo inteiro promove uma desmobilização dos operários e aumenta o desemprego.

Lançado em setembro do ano passado, já vendeu mais de 350.000 exemplares em francês, inglês, espanhol, holandês, grego, italiano, romeno, alemão, sueco, catalão e coreano. No Brasil, em apenas 4 meses, já vendeu mais de 23.000 exemplares em três reimpressões.

A autora coloca o dedo na ferida do neoliberalismo e defende a busca de alternativas num mundo onde o emprego já não existe. Diz que não atravessamos uma crise de empregos mas uma mutação da sociedade – de civilização até – e que o desemprego não é mais como era antigamente, não é mais uma exceção. Acredita que, pela primeira vez na história, o conjunto dos homens não é mais necessário para o pequeno número de indivíduos que administra a economia, ou seja, que detém o poder. Embora se continue a agir relativamente ao emprego e consequentemente, ao desemprego como se estivéssemos no século 19 ou mesmo há 30 anos, época de pleno emprego. Aponta o anacronismo que cria muita angústia porque não se vê a realidade tal como ela é.

Constata, agora, o que Alvin Toffler já escrevia nos anos 70 (Choque do futuro e Terceira Onda), onde a evolução da capacidade e rapidez no processamento de dados (informática) possibilitaria a concentração maior do poder nas mãos dos poucos que dominassem a informação. Já previa, há 20 anos, a necessidade de readaptação nas relações de emprego, o que passaria necessariamente na reformulação da educação para o trabalho.

Quem ainda busca a escola só para se preparar para um “bom emprego” pode começar a reformular seus projetos de vida.

Não sabemos ainda, talvez ninguém saiba, como serão, no próximo século, as relações de trabalho (emprego/empregado/empregador), mas uma coisa se pode afirmar quanto ao ser humano enquanto pessoa – A mitologia grega, com mais de 25 séculos, ainda é muito pertinente quando se fala da pessoa em si. A grande velocidade percebida nas mudanças dos procedimentos funcionais, na instrumentação material, nas relações de trabalho, não tiveram paralelo no comportamento humano enquanto pessoa.

A escola, enquanto existir como instituição, deve envidar todos os esforços no ensino e motivação para o desenvolvimento do pensar e do senso crítico no entendimento da realidade.

Conforme a escritora e crítica  Viviane Forrester, pensar é muito político. Pensar em si, pensar por si próprio, é bastante político; tanto que todo poder autoritário busca impedir o acesso das pessoas ao conhecimento, pois é muito mais fácil manejar quem não pensa. Diz ainda que a cultura é muito importante porque desenvolve o espírito crítico, a capacidade de compreender, perceber aquilo que tentam esconder, aumenta a capacidade de discutir as coisas.

“Conhece-te a ti mesmo” Sócrates


ROSSI, P.S. Cultura e política. Folha da Mantiqueira. Piracaia-SP, 08 nov 1997, p.4

 

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