Nasci no Pau Arcado, numa Sexta-Feira Santa. Minha mãe queria por o nome de Santo, como havia um seu irmão nascido no dia de Todos os Santos; meu pai queria, não sei o porquê, o nome de Pedro.
Acabou que fiquei sendo o Pedro Santo.
Durante toda vida, minha mãe de chamou de Santo e meu pai me chamou de Pedro.
Em 1954, com cinco anos, mudamos para Campo Limpo, aonde não fui nem Pedro, nem Santo; para a molecada eu era o Vesgo, para os adultos eu era o filho do Mirigo (assim chamavam meu pai que era Amerigo, como Amerigo Vespuccio).
Fui primeiro da classe no primeiro ano, segundo no segundo ano, terceiro no terceiro ano; nessa progressão não chegaria muito longe. Nunca fiz o quarto ano, até hoje não tenho diploma primário. Entrei no seminário em Piracicaba que começava com o quinto ano e segui para o ginásio. Lá eu era o Caolho, depois por ter tentado fugir com a trouxa de minhas roupas envolta num lençol, o apelido ficou Lençol.
Também não tenho o diploma do ginásio, porque não tinha terno azul marinho para participar da formatura. Com o certificado de conclusão do ginásio, ingressei no segundo grau (na época era o científico), onde também não tive diploma por ter brigado em todas as escolas. Pulei direto para cursinho pré-vestibular e prestei exame de “madureza” (hoje é supletivo); entrei na faculdade com o segundo lugar da prova.
Depois de estabilizado na atividade profissional, já com empresa de treinamento, onde meu nome era Rossi, voltei para Campo Limpo querendo ser alguém entre os antigos colegas, mas nunca fiquei conhecido, virei “o pai do Denis”, o “pai da Emília”.
Voltei para a escola, fiz carreira acadêmica (formação, especialização, mestrado e doutorado) virei professor Pedro.
Eu queria ser alguém em Campo Limpo, mas ainda não consegui ser conhecido.