A morte de Getúlio Vargas

Em 1954, eu estava com 5 anos e não sabia ler. Estava no sítio de minha avó materna, que eu chamava de madrinha. Moravam ali dois tios, irmãos de minha mãe, ainda solteiros. Um dia o tio Santo chegou da cidade trazendo algumas revistas e passou a mostrar a história de um homem morto. Parecia importante, pois a conversa sobre aquele assunto durou muito tempo. Entre um olha aqui e olha ali, eram muitas fotos e muita conversa.

Quando deu um tempinho, consegui olhar uma das revistas e fixei na imagem de um homem atirando na própria cabeça.

Nos meses seguintes, sempre que aparecia uma revista nova lá no sítio, tal figura do homem atirando na cabeça se repetia nas revistas.

Anos depois, já sabendo ler, soube que o tal Getúlio dera um tiro no coração. Isso conflitava com a informação que eu havia registrado. Procurei as revistas antigas para desfazer minha dúvida. Encontrei o que procurava, no Almanaque do Pensamento, uma publicação tradicional com propagandas de laboratório. Lá havia uma silhueta de alguém olhando num microscópio, a figura que me ficara como sendo a morte de Getúlio Vargas.

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