Amadorismo

Amadorismo

Amador, segundo Houaiss, é (1) aquele que ou o que ama; que ou o que tem amor a alguma pessoa; amante; (2) aquele que gosta muito de alguma coisa; amante, apreciador, entusiasta; (3) quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não por profissão; curioso, diletante. Nos esportes é quem pratica um esporte sem interesse pecuniário. Mas tem também o uso pejorativo: aquele que ainda não domina ou não consegue dominar a atividade a que se dedicou, revelando-se inábil, incompetente etc.; inexperiente; ou ainda: quem entende apenas superficialmente de algum assunto ou atividade.

Quero tomar para mim, e para quem mais quiser me acompanhar, todas as acepções do termo – de amante a incompetente em duas situações que nos afligem: o curso e o livro.

Com toda boa vontade, com todo amor e carinho, deixando de lado amores outros e outras atividades, dedicamos tempo e dinheiro na montagem do curso e na publicação do livro. Amadores no sentido de fazer com vontade e sem interesse pecuniário, amadores no sentido de quem não entende bem o que está fazendo.

Fátima conta que seu pai, libanês de nascimento, repetia em mal português: “si querer fazer pão, entrega tua farinha para a padeiro!”

Nós não somos escola, não somos donos de escola, não somos exploradores do negócio de educação, não temos habilidade para isso. Meu patrão (UNIESP) conseguiu 75 faculdades em dez anos. Nesse mesmo tempo não conseguimos (Fátima e eu) colocarmos um curso em funcionamento (sem contar a participação de todos os outros envolvidos no projeto).

Não somos editores, não temos livraria, não somos vendedores de livros, não temos habilidades para isso. Um colega, com a metade da minha experiência profissional, montou editora, enricou e quebrou diversas vezes, mas colocou milhares de livros na praça. Eu fui trabalhar de empregado dele, depois editei um livro que nunca me rendeu um tostão.

Retomo o pensamento da farinha ao pão. Qualquer farinha pode se tornar um pão qualquer, basta misturar com água e levar ao forno, desde que não se queira analisar os resultados.

Tivemos a intenção de fazer um bom curso e não conheço nada mais bem intencionado, mas não temos como administrar sua execução. Demos todo apoio para realização do livro, mas não temos como escoar a produção.

Não me envergonho da minha incompetência para resolver tudo isso; reconheço a minha limitação.

Não gostaria de chegar a este ponto de sufoco de agora, mas premido pelas circunstâncias, opto por sugerir que liberemos o curso para a Unisal sem a nossa participação, apenas com a nossa oferta de sugerir professores para esta primeira turma. Negociarmos quanto muito uma participação nos resultados, se o resultado for positivo. Receber cinco mil por mês não paga o salário e as despesas (diretas e indiretas) que tenhamos que assumir, além de todo trabalho que não sobrará só para o coordenador. Ainda pode causar maiores prejuízos e dissabores. Os alunos que vierem a fazer o curso poderão ser nova força para o desenvolvimento da ACP em São Paulo.

Ficar com os livros parados, também não rende nada para ninguém. Sugiro que sejam entregues para o Bandeira vender e tentar ressarcir o que a APACP investiu nele.

Amados colegas, amadores de bom coração, “vamos entregar a farinha ao padeiro?”

Esta entrada foi publicada em Educação, Psicologia e marcada com a tag , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.